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DBT-PTSD no Brasil: Como o Protocolo de Martin Bohus Revoluciona o Tratamento do Trauma Complexo

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O trauma complexo está entre as condições mais devastadoras da saúde mental, frequentemente associado a abuso infantil, violência crônica e situações prolongadas de vulnerabilidade (Herman, 1992/2015; Cloitre et al., 2014). Em pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), essas experiências não resolvidas perpetuam ciclos de desregulação emocional (Linehan, 1993/2015; Zanarini & Frankenburg, 2001), sensação crônica de vazio (American Psychiatric Association [APA], 2013) e dificuldades profundas de vínculo e confiança (Gunderson, 2007).


A Terapia Comportamental Dialética (DBT), criada por Marsha Linehan, trouxe avanços extraordinários para o tratamento de pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline, especialmente na redução de comportamentos autolesivos e tentativas de suicídio (Linehan, 1993/2015). Ainda assim, uma questão central permanecia: quando e como tratar o trauma em pacientes de alto risco?

A resposta ganhou forma com o DBT-PTSD (Dialectical Behavior Therapy for Posttraumatic Stress Disorder), desenvolvido pelo pesquisador alemão Martin Bohus e sua equipe, com evidências robustas de eficácia em pacientes com trauma complexo (Bohus et al., 2013; Bohus et al., 2020). E em janeiro de 2026, Bohus estará no Brasil para compartilhar esse protocolo que já transformou milhares de vidas.


O que é DBT-PTSD?


O DBT-PTSD (Dialectical Behavior Therapy for Posttraumatic Stress Disorder) é uma adaptação inovadora da DBT desenvolvida para tratar o transtorno de estresse pós-traumático complexo (TEPT-C), frequentemente decorrente de abuso e negligência na infância (Bohus et al., 2013; Bohus et al., 2020).

Diferente da DBT tradicional, que costuma adiar o trabalho direto com trauma para estágios mais avançados do tratamento, o DBT-PTSD integra a exposição e a ressignificação já no Estágio 1, desde que a segurança mínima esteja estabelecida.


Seus principais pilares incluem:

  • Exposição narrativa ao trauma → reconstrução segura e gradual da história traumática;

  • Mindfulness corporal e emocional → enfrentamento de gatilhos traumáticos com consciência e presença;

  • Autocompaixão e ressignificação → transformação do significado das memórias dolorosas;

  • Estratégias DBT → como tolerância ao mal-estar, regulação emocional e efetividade interpessoal.

Essa combinação permite que o paciente enfrente a raiz do sofrimento mais cedo, trazendo esperança real onde antes havia apenas espera.


DBT-PTSD vs. DBT-PE: qual a diferença?


Outro protocolo relevante é o DBT-PE (Dialectical Behavior Therapy – Prolonged Exposure), desenvolvido por Melanie Harned em colaboração com Marsha Linehan (Harned et al., 2012; Harned, 2022).


  • DBT-PE: o trabalho direto com trauma só é iniciado no Estágio 2, após estabilização completa e significativa redução de comportamentos de risco. A lógica é garantir que o paciente tenha recursos suficientes antes de enfrentar memórias traumáticas.

  • DBT-PTSD: em contraste, esse protocolo desenvolvido por Martin Bohus e equipe (Bohus et al., 2020) permite trabalhar o trauma já no Estágio 1, assim que a segurança mínima está estabelecida. Isso evita que pacientes permaneçam anos em sofrimento crônico, sem acesso a intervenções específicas para o trauma.


Impacto clínico: o DBT-PTSD pode reduzir anos de espera e oferecer alívio mais rápido, proporcionando esperança a pacientes que antes precisavam aguardar longos períodos antes de enfrentar suas memórias traumáticas.


Linha do Tempo das Evidências Científicas sobre DBT-PTSD


O DBT-PTSD (Dialectical Behavior Therapy for Posttraumatic Stress Disorder) é uma adaptação da DBT criada por Martin Bohus e sua equipe, voltada ao tratamento do trauma complexo decorrente de abuso e negligência infantil. Em menos de uma década, evoluiu de um estudo piloto para um protocolo internacionalmente consolidado, validado em ensaios clínicos de alto impacto.

2013 – Estudo piloto

A primeira aplicação sistemática do DBT-PTSD foi realizada com mulheres diagnosticadas com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e TEPT relacionado a abuso sexual infantil. O estudo piloto mostrou redução significativa dos sintomas de TEPT e alta aceitação clínica, apontando para o potencial do protocolo (Bohus et al., 2013).

2016 – Dissociação não é barreira

Um dos temores iniciais era de que pacientes com níveis altos de dissociação não conseguissem se beneficiar da exposição narrativa proposta no DBT-PTSD. No entanto, estudos demonstraram que até mesmo esses pacientes responderam de forma positiva ao tratamento (Kleindienst et al., 2016).

2019 – Ensaio clínico randomizado

Um ensaio clínico controlado confirmou a eficácia do DBT-PTSD em mulheres com e sem TPB, ampliando a aplicabilidade clínica do protocolo para diferentes perfis de pacientes com trauma complexo (Bohus et al., 2019).

2020 – Estudo no JAMA Psychiatry

Um dos marcos mais importantes foi a publicação de um ensaio clínico randomizado no JAMA Psychiatry, comparando o DBT-PTSD com a Cognitive Processing Therapy (CPT). Os resultados mostraram que o DBT-PTSD foi superior em reduzir sintomas de TEPT e apresentou menor taxa de abandono, consolidando sua robustez clínica (Bohus et al., 2020).

2021 – Revisão internacional

Uma revisão publicada no European Psychologist consolidou as evidências do DBT-PTSD, destacando seus fundamentos teóricos, técnicas centrais e eficácia em diferentes populações. O artigo também enfatizou que o protocolo integra DBT, exposição e autocompaixão, representando uma das abordagens mais promissoras para o tratamento do trauma complexo (Bohus & Stoffers-Winterling, 2021).Em menos de uma década, o DBT-PTSD evoluiu de um estudo piloto para um protocolo internacionalmente consolidado, validado em ensaios clínicos de alto impacto.


Por que isso importa para pacientes?


Ser informado de que “não é hora de tratar o trauma” pode gerar frustração e desesperança. O DBT-PTSD rompe esse paradigma:

  • Permite abordar a raiz do sofrimento mais cedo;

  • Oferece ferramentas para enfrentar memórias sem ser engolido por elas;

  • Garante um caminho real de reconstrução de vida com mais sentido.


Por que isso importa para profissionais?


Para psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da saúde mental, o DBT-PTSD representa:

  • Um protocolo estruturado e baseado em evidências internacionais;

  • Uma chance de atualização científica com um dos maiores pesquisadores do mundo;

  • Um recurso poderoso para ampliar a aplicabilidade da DBT em contextos de trauma.


Conclusão: Um marco para a saúde mental no Brasil


O trabalho de Martin Bohus demonstra que o trauma pode e deve ser enfrentado dentro da DBT desde os primeiros passos do tratamento, sempre com suporte e segurança.

Sua chegada ao Brasil em janeiro de 2026 é um marco histórico para a comunidade clínica e para pacientes que sofrem com trauma e desregulação emocional.

Na DBT Paraná, acreditamos que a vida que vale a pena ser vivida também inclui a possibilidade de curar feridas profundas e o DBT-PTSD é uma das ferramentas mais promissoras para essa transformação.


Atenção, profissionais: a DBT Paraná oferece um cupom de desconto exclusivo para o treinamento intensivo de seis dias com o Dr. Martin Bohus em São Paulo. Não perca essa oportunidade única de estar na vanguarda da ciência em saúde mental! Referências

Bohus, M., Dyer, A. S., Priebe, K., Krüger, A., Kleindienst, N., Schmahl, C., & Steil, R. (2013). Dialectical behaviour therapy for post-traumatic stress disorder after childhood sexual abuse: a pilot study. Psychotherapy and Psychosomatics, 82(4), 221–223. https://doi.org/10.1159/000348451

Kleindienst, N., Priebe, K., Görg, N., Dyer, A. S., Krüger, A., Steil, R., … & Bohus, M. (2016). State dissociation moderates response to dialectical behavior therapy for posttraumatic stress disorder related to childhood sexual abuse. European Journal of Psychotraumatology, 7(1), 29905. https://doi.org/10.3402/ejpt.v7.29905

Bohus, M., Kleindienst, N., Priebe, K., Dyer, A. S., Krüger, A., Schmahl, C., & Steil, R. (2019). A randomized controlled trial of dialectical behavior therapy for posttraumatic stress disorder related to childhood sexual abuse in women with and without borderline personality disorder. European Journal of Psychotraumatology, 10(1), 1654062. https://doi.org/10.1080/20008198.2019.1654062

Bohus, M., Kleindienst, N., Hahn, C., Müller-Engelmann, M., Ludäscher, P., Steil, R., … & Fydrich, T. (2020). Dialectical behavior therapy for posttraumatic stress disorder (DBT-PTSD) compared with cognitive processing therapy (CPT) in complex presentations of PTSD in women survivors of childhood abuse: a randomized clinical trial. JAMA Psychiatry, 77(12), 1235–1245. https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.2148

Bohus, M., & Stoffers-Winterling, J. (2021). Dialectical behavior therapy for posttraumatic stress disorder (DBT-PTSD). European Psychologist, 26(3), 219–231. https://doi.org/10.1027/1016-9040/a000428

Harned, M. S. (2022). Treating PTSD in suicidal and self-injuring women with borderline personality disorder: A DBT prolonged exposure protocol. Guilford Press.

Harned, M. S., Korslund, K. E., Foa, E. B., & Linehan, M. M. (2012). Treating PTSD in suicidal and self-injuring women with borderline personality disorder: Development and preliminary evaluation of DBT Prolonged Exposure (DBT PE). Journal of Traumatic Stress, 25(4), 563–570. https://doi.org/10.1002/jts.21752

Linehan, M. M. (1993/2015). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. Guilford Press.

 
 
 

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