Transtorno de Personalidade Borderline em Adolescentes: Sinais de Alerta, Diagnóstico e Tratamentos Baseados em Evidências
- Gleidna Santos
- 9 de abr.
- 9 min de leitura

O período da adolescência é marcado por mudanças biopsicossociais profundas, incluindo alterações neuroendócrinas, desenvolvimento da identidade e complexificação das relações interpessoais. Distinguir comportamentos típicos desse estágio dos primeiros sinais de transtornos de personalidade, como o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), representa um desafio clínico significativo (Kaess, Brunner & Chanen, 2014).
O TPB é uma condição psiquiátrica caracterizada por instabilidade afetiva, impulsividade, distorções na autoimagem e dificuldades nos relacionamentos interpessoais (American Psychiatric Association [APA], 2022). Embora tradicionalmente diagnosticado na vida adulta, evidências crescentes apontam para sua manifestação precoce na adolescência (Chanen & Kaess, 2012).
Sintomatologia e Diagnóstico Diferencial Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5-TR; APA, 2022), o diagnóstico de TPB pode ser considerado antes dos 18 anos quando os sintomas estão presentes de forma pervasiva e persistente por pelo menos um ano. Os critérios incluem, entre outros: medo intenso de abandono, relacionamentos interpessoais instáveis, comportamento autodestrutivo, automutilação, instabilidade emocional e sentimentos crônicos de vazio.
É fundamental que o diagnóstico leve em conta o desenvolvimento normativo do adolescente, evitando tanto o sobrediagnóstico quanto a negligência clínica. Estudos longitudinais demonstram que traços de TPB na adolescência predizem comprometimentos significativos na vida adulta, incluindo maiores taxas de suicídio, uso de substâncias e dificuldades ocupacionais (Winograd, Cohen & Chen, 2008).
Perspectiva do Neurodesenvolvimento
A compreensão do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) na adolescência demanda uma análise minuciosa das assimetrias maturacionais entre estruturas cerebrais envolvidas na regulação emocional e no controle inibitório. Evidências neurocientíficas demonstram que adolescentes com TPB emergente apresentam uma hiperativação do sistema límbico, especialmente da amígdala, o que contribui para respostas emocionais exacerbadas frente a estímulos percebidos como ameaçadores ou invalidantes (Silvers et al., 2016; Ruocco et al., 2013).
Tal reatividade emocional intensa é frequentemente exacerbada pela baixa ativação funcional do córtex pré-frontal, mais especificamente, regiões que correspondem ao dorsolateral e ventromedial, áreas responsáveis por processos de autorregulação, planejamento e tomada de decisões. O córtex pré-frontal é uma das últimas regiões do cérebro a completar sua maturação, processo que se estende até aproximadamente os 25 anos de idade (Casey, Jones & Hare, 2008; Giedd, 2004). Essa defasagem maturacional entre um sistema límbico hiperativo e um sistema cortical regulador ainda em desenvolvimento cria um descompasso neurofuncional que favorece impulsividade, instabilidade emocional e julgamentos afetivos distorcidos, características centrais do TPB.
Além disso, déficits na conectividade funcional entre o córtex pré-frontal e a amígdala contribuem para uma menor modulação das respostas emocionais, comprometendo a capacidade do adolescente de inibir comportamentos desadaptativos e refletir antes de agir. Esse perfil neurobiológico reforça o modelo biossocial proposto por Linehan (1993), no qual predisposições genéticas e vulnerabilidades neurodesenvolvimentais interagem de forma dinâmica com ambientes emocionalmente invalidantes, resultando na expressão fenotípica do transtorno.
Portanto, compreender o TPB a partir dessa perspectiva integrativa é essencial para o delineamento de intervenções precoces e baseadas em evidências, que considerem tanto os fatores biológicos quanto os contextos psicossociais nos quais esses adolescentes estão inseridos.
Gênero e Diagnóstico: Um Viés Cultural e Epistemológico
A compreensão do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) exige uma reflexão crítica acerca dos vieses de gênero historicamente presentes no processo diagnóstico. Desde sua conceitualização inicial, o TPB tem sido associado de forma desproporcional ao sexo feminino, levando à patologização de traços como sensibilidade emocional, dependência interpessoal e reatividade afetiva características frequentemente interpretadas por meio de lentes culturais enviesadas (Becker, 1997; Paris, 2010).
Apesar dessa tendência, estudos epidemiológicos robustos indicam que a prevalência do TPB é relativamente equivalente entre homens e mulheres na população geral (Grant et al., 2008). No entanto, as manifestações clínicas diferem em função de construções sociais de gênero, influenciando a forma como os sintomas são percebidos e rotulados por profissionais de saúde mental. Enquanto mulheres são mais frequentemente diagnosticadas com TPB, adolescentes e homens com sintomatologia compatível tendem a receber rótulos alternativos, como transtorno de conduta, transtorno de personalidade antissocial ou transtornos relacionados ao uso de substâncias (Fruzzetti et al., 2005; Johnson et al., 2003).
Essa discrepância não apenas mascara o diagnóstico adequado em populações masculinas, como também perpetua o subtratamento e o estigma, restringindo o acesso a intervenções terapêuticas baseadas em evidências, como a Terapia Comportamental Dialética (DBT). A literatura sugere que os vieses implícitos no julgamento clínico aliados à tendência de hipervalorizar expressões emocionais em mulheres e subestimar sinais de sofrimento nos homens, reforçam disparidades nos desfechos terapêuticos e no engajamento com o cuidado psicológico (Sansone & Sansone, 2011; Skodol & Bender, 2003).
Portanto, torna-se fundamental que os profissionais estejam atentos à influência das normas socioculturais sobre a prática diagnóstica, adotando uma postura crítica e informada para promover equidade clínica e o reconhecimento transdiagnóstico das expressões do sofrimento humano.
Tratamento Baseado em Evidências
Embora o uso de medicamentos psicotrópicos seja amplamente difundido na prática clínica para pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), até o momento, nenhum fármaco foi aprovado especificamente pela Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento desse transtorno (Stoffers et al., 2010; Gunderson et al., 2018). Ainda que a farmacoterapia possa mitigar sintomas comórbidos — como depressão maior, transtornos de ansiedade, sintomas psicóticos transitórios ou impulsividade grave, sua eficácia no alívio dos sintomas centrais do TPB permanece limitada e controversa (Gunderson, 2011; Black et al., 2021).
Pacientes com TPB frequentemente recebem múltiplas prescrições simultâneas (polifarmácia), o que pode aumentar os riscos de efeitos adversos e de dependência, sem necessariamente melhorar os desfechos clínicos de forma consistente (Biskin & Paris, 2012). O modelo de neurodesenvolvimento do TPB sugere que alterações na modulação do sistema límbico e déficits no controle pré-frontal contribuem significativamente para a desregulação emocional e impulsividade, o que requer abordagens terapêuticas que atuem sobre essas redes neurais de maneira mais específica (Silvers et al., 2016; Ruocco et al., 2013).
Assim, embora a medicação possa desempenhar um papel adjuvante em contextos clínicos selecionados, o corpo de evidências internacionais recomenda como tratamento de primeira linha as intervenções psicoterapêuticas estruturadas e baseadas em evidências, como a Terapia Comportamental Dialética (Dialectical Behavior Therapy – DBT) e o Bom Manejo Clínico (General Psychiatric Management – GPM) (Linehan, 1993; McMain et al., 2009; Mehlum et al., 2014). Essas abordagens têm demonstrado eficácia superior na redução de comportamentos suicidas, autolesivos, internações psiquiátricas e dificuldades interpessoais. Dessa forma, a farmacoterapia deve ser considerada com cautela, sempre integrada a um plano terapêutico multimodal, centrado na psicoterapia como eixo fundamental de tratamento.
A Terapia Comportamental Dialética (DBT) é amplamente reconhecida como a intervenção de escolha para adolescentes com TPB emergente. Desenvolvida por Linehan (1993), a DBT combina estratégias de aceitação e mudança, promovendo regulação emocional, tolerância ao estresse, habilidades interpessoais e atenção plena. Ensaios clínicos randomizados demonstram a eficácia da DBT na redução de comportamentos suicidas, autolesão e internações psiquiátricas (Mehlum et al., 2014; McCauley et al., 2018).
Além da DBT, o modelo de Bom Manejo Clínico (General Psychiatric Management – GPM), desenvolvido por Gunderson (2016), tem se mostrado eficaz, especialmente em contextos com recursos limitados.
O Papel da Família e a Prevenção Secundária
A participação ativa da família no tratamento de adolescentes com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) emergente constitui um elemento fundamental para a eficácia terapêutica e a prevenção da cronicidade do transtorno. Evidências empíricas robustas demonstram que intervenções psicoterapêuticas que incluem familiares promovem maior adesão ao tratamento, redução da sintomatologia e melhora no funcionamento psicossocial global dos adolescentes (Fruzzetti & Hoffman, 2004).
Entretanto, na prática clínica cotidiana, observa-se com frequência um padrão preocupante: pais e responsáveis frequentemente delegam o processo terapêutico exclusivamente ao profissional, depositando a responsabilidade pela mudança integralmente sobre o adolescente, sem se envolver ativamente no tratamento. Essa postura, embora compreensível diante do sofrimento emocional e da sobrecarga parental, pode comprometer significativamente os resultados terapêuticos. Ambientes familiares que não oferecem validação emocional adequada, ou que se mantêm ausentes no processo de cuidado, perpetuam os padrões de desregulação emocional e comprometem a internalização das habilidades aprendidas em terapia (Crowell, Beauchaine & Linehan, 2009).
O modelo biossocial, desenvolvido por Linehan (1993), enfatiza que o TPB emerge da interação entre vulnerabilidades emocionais biológicas e ambientes invalidantes. Nesse contexto, a ausência de envolvimento familiar pode ser interpretada como uma forma de negligência emocional secundária, dificultando a consolidação dos ganhos clínicos. Por outro lado, intervenções psicoeducativas destinadas a pais e cuidadores, como o Family Connections Program (Hoffman et al., 2005), demonstraram reduzir significativamente comportamentos invalidantes, melhorar a empatia e diminuir o estresse familiar (Flynn et al., 2017; Bailey et al., 2018).
Adicionalmente, terapias estruturadas como a DBT para adolescentes (DBT-A), que integram os cuidadores no processo terapêutico por meio de grupos multifamiliares ou sessões de habilidades com participação parental, têm sido associadas à diminuição de autolesão, tentativas de suicídio e hospitalizações (Mehlum et al., 2016). Esses achados sustentam a premissa de que o envolvimento familiar não é apenas benéfico, mas essencial para o sucesso do tratamento e a prevenção de recaídas.
Dessa forma, é imperativo que pais e responsáveis compreendam seu papel ativo como co-reguladores emocionais e colaboradores no processo terapêutico, superando a tendência de terceirização do cuidado e reconhecendo que a verdadeira transformação exige um esforço conjunto e contínuo.
Conclusão
Reconhecer e tratar precocemente o Transtorno de Personalidade Borderline em adolescentes é crucial para modificar o curso dessa condição mental. O uso de abordagens terapêuticas baseadas em evidências, como a DBT, aliado ao suporte familiar e atenção ao viés de gênero, é essencial para promover uma trajetória de desenvolvimento mais adaptativa e reduzir o risco de cronicidade.
Na DBT Paraná, oferecemos tratamentos para o Transtorno de Personalidade Borderline e outros transtornos complexos da emoção, com uma equipe de profissionais altamente qualificados e comprometidos com intervenções eficazes e humanizadas. Se você é pai, mãe, responsável ou profissional da saúde, e deseja compreender melhor esse transtorno e iniciar um acompanhamento especializado, conte conosco. Cuidar da saúde emocional na adolescência pode transformar vidas e estamos aqui para caminhar com você.
Referências
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