A Invalidação Emocional e o Transtorno de Personalidade Borderline: O Impacto na Saúde Mental
- Gleidna Santos
- 1 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de abr.

A invalidação emocional é um fenômeno psicossocial que impacta profundamente o desenvolvimento da identidade e da regulação emocional. Estudos indicam que um ambiente invalidante na infância pode estar diretamente relacionado ao desenvolvimento do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). Esse transtorno é caracterizado por instabilidade emocional, relações interpessoais turbulentas, medo do abandono e impulsividade (Linehan, 1993).
O Que é a Invalidação Emocional?
A invalidação emocional ocorre quando as emoções e experiências de um indivíduo são minimizadas, ridicularizadas ou rejeitadas por figuras significativas. Isso pode ocorrer de diversas formas, como:
Desconsideração das emoções como exageradas ou irrelevantes;
Punição por expressar sentimentos negativos, como tristeza ou raiva;
Alternância entre aceitação e rejeição emocional, gerando um ambiente imprevisível;
Gaslighting, levando a dúvida sobre a própria percepção da realidade.
Crianças que crescem sob invalidação emocional tendem a apresentar dificuldades na identificação, expressão e regulação de suas emoções na vida adulta, aumentando sua vulnerabilidade ao TPB (Crowell, Beauchaine, & Linehan, 2009).
O papel da Invalidação Emocional no Borderline
O modelo biossocial de Linehan (1993) sugere que o TPB resulta da interação entre uma predisposição biológica à desregulação emocional e um ambiente invalidante. Esse ambiente ensina a criança a ignorar seus estados emocionais, resultando em padrões disfuncionais na vida adulta, como:
Dificuldades na regulação emocional – Incapacidade de lidar com emoções de forma adaptativa;
Identidade instável – Sensibilidade extrema ao abandono e dificuldades na autoestima;
Apego disfuncional – Relações interpessoais intensas e instáveis;
Comportamentos autodestrutivos – Como autolesão e tentativas de suicídio.
Estudos demonstram que a exposição prolongada à invalidação emocional pode alterar o funcionamento do sistema límbico e do córtex pré-frontal, impactando a capacidade de regulação emocional e tomada de decisões (Stepp, Lazarus, & Byrd, 2016).
A Terapia Comportamental Dialética (DBT), desenvolvida por Marsha Linehan (1993), é a abordagem mais eficaz para o tratamento do TPB. A DBT ensina habilidades específicas para a regulação emocional, prevenção de impulsividade e desenvolvimento de relações mais saudáveis.
A DBT Paraná é um centro de referência no Brasil, oferecendo um protocolo estruturado para indivíduos com TPB. Os principais componentes da DBT incluem:
Treinamento de habilidades – Estratégias para lidar com emoções intensas;
Terapia individual – Foco em desafios emocionais específicos;
Coaching telefônico – Suporte para aplicação das estratégias aprendidas;
Consultoria/Supervisão para profissionais – Aprimoramento da prática terapêutica.
Medicação no TPB: Um Tratamento Auxiliar
Embora a DBT seja a abordagem primária, certos medicamentos podem ajudar na regulação de sintomas associados ao TPB (Gunderson & Links, 2008):
Antidepressivos (ISRSs) – Como fluoxetina e sertralina, eficazes contra depressão e ansiedade (Lieb et al., 2010);
Estabilizadores de humor – Como lamotrigina e ácido valproico, que auxiliam na regulação emocional (Soloff, 2018);
Antipsicóticos atípicos – Como quetiapina e olanzapina, utilizados para reduzir impulsividade e dissociação (Zanarini et al., 2018).
Apesar do suporte farmacológico, a DBT continua sendo o tratamento mais eficaz, conforme evidenciado por estudos clínicos (Linehan et al., 2015).
Conclusão
A relação entre invalidação emocional e TPB está bem documentada na literatura científica. A DBT se apresenta como a abordagem mais eficaz para a reestruturação emocional desses indivíduos. A DBT Paraná é um centro de referência nesse tratamento, proporcionando suporte especializado e baseado em evidências.
Se você ou alguém que conhece enfrenta dificuldades emocionais decorrentes da invalidação emocional, buscar apoio profissional pode ser um passo fundamental para uma vida mais equilibrada e funcional.
Referências
Crowell, S. E., Beauchaine, T. P., & Linehan, M. M. (2009). A biosocial developmental model of borderline personality: Elaborating and extending
Linehan’s theory. Psychological Bulletin, 135(3), 495–510.
Gunderson, J. G. (2018). Borderline personality disorder: A clinical guide. American Psychiatric Publishing.
Linehan, M. M. (1993). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder.
Guilford Press.Linehan, M. M., Korslund, K. E., Harned, M. S., Gallop, R. J., Lungu, A., & Neacsiu, A. D. (2015). Dialectical behavior therapy for high suicide risk in individuals with borderline personality disorder. JAMA Psychiatry, 72(5), 475-482.
Stepp, S. D., Lazarus, S. A., & Byrd, A. L. (2016). A systematic review of borderline personality disorder in adolescence. Clinical Psychology Review, 45, 31–50.

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