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O Papel do Familiar no Tratamento de Pacientes com Diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline e Como a DBT Pode Ajudar


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O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é caracterizado por instabilidade emocional, impulsividade, relações interpessoais instáveis e uma autoimagem distorcida. Esse transtorno gera um alto nível de sofrimento tanto para os pacientes quanto para seus familiares, que frequentemente enfrentam o desafio de lidar com comportamentos intensos e volúveis. A Terapia Comportamental Dialética (DBT), desenvolvida por Marsha Linehan, é uma das abordagens mais eficazes para o tratamento de TPB. No entanto, para que o tratamento seja bem-sucedido, é fundamental que os familiares se envolvam no processo terapêutico, pois desempenham um papel crucial na recuperação do paciente. Este artigo explora o papel dos familiares no tratamento de TPB e como a DBT pode ser uma ferramenta essencial para apoiar tanto os pacientes quanto seus entes queridos.


O Desafio do Transtorno de Personalidade Borderline: A Experiência Familiar


O Transtorno de Personalidade Borderline é frequentemente descrito como uma das condições mais desafiadoras de se tratar, não apenas para os profissionais de saúde, mas também para os familiares (Linehan, 1993). As pessoas com TPB podem apresentar emoções extremamente intensas e reativas, dificuldades em manter relacionamentos estáveis e comportamento impulsivo. Isso coloca um grande fardo nos familiares, que muitas vezes se veem imersos em um ciclo de conflitos e frustração.

Pesquisas indicam que familiares de pacientes com TPB frequentemente se sentem sobrecarregados e confundidos devido à natureza imprevisível dos sintomas do transtorno (Fruzetti, 2006). O comportamento instável do paciente pode levar a altos níveis de estresse, gerando uma dinâmica familiar desadaptativo. Isso pode incluir invalidar as emoções do paciente, ignorando ou minimizando suas preocupações, ou até reforçar comportamentos prejudiciais, como crises de raiva ou tentativas de suicídio.

Fruzetti (2006) sugere que as interações familiares desempenham um papel central na perpetuação da instabilidade emocional do paciente. Quando os familiares não entendem como responder aos comportamentos extremos do paciente, isso pode exacerbar os sintomas de TPB. A validação emocional, um conceito central na DBT, é um exemplo de como a terapia pode ajudar os familiares a interagir de maneira mais eficaz.


O Papel Crucial dos Familiares no Tratamento do TPB


Marsha Linehan (1993) sempre destacou a importância de envolver os familiares no tratamento de TPB. Isso ocorre porque a recuperação de pacientes com TPB não depende apenas da terapia individual, mas também de um ambiente familiar de apoio. Os familiares têm um papel vital em ajudar o paciente a praticar e reforçar as habilidades aprendidas na terapia, tornando-se uma parte integrante do processo terapêutico.

Os familiares desempenham várias funções dentro do tratamento, incluindo:


  1. Oferecer um ambiente de validação emocional: A validação é um componente essencial na DBT, e os familiares aprendem a reconhecer as emoções do paciente sem julgá-las, o que ajuda a reduzir a reatividade emocional do paciente e fortalece sua confiança no tratamento (Koerner, 2012).

  2. Promover a consistência emocional: A estabilidade no ambiente familiar é crucial para que o paciente possa aplicar as habilidades de regulação emocional ensinadas na DBT (Linehan, 1993).

  3. Enfrentar os desafios juntos: Compreender as dificuldades emocionais enfrentadas pelo paciente permite que os familiares ofereçam o suporte necessário sem se sentirem sobrecarregados ou confusos.


Como a DBT Pode Ajudar os Familiares no Tratamento do TPB


A DBT oferece ferramentas específicas para ajudar tanto o paciente quanto seus familiares a lidarem com as emoções intensas e instáveis. A terapia ensina os pacientes a gerenciar emoções negativas de maneira eficaz, a melhorar os relacionamentos e a desenvolver habilidades de comunicação mais saudáveis. Além disso, a DBT também oferece aos familiares as ferramentas necessárias para apoiar seus entes queridos sem reforçar comportamentos prejudiciais.

De acordo com Allan Fruzetti (2006), as interações familiares têm um impacto direto na regulação emocional dos pacientes com TPB. O trabalho de Fruzetti complementa a teoria da DBT, sugerindo que, quando os familiares praticam a validação emocional e tolerância à angústia, eles podem ajudar a reduzir a intensidade das crises e a melhorar as relações interpessoais. A validação emocional se refere a reconhecer e aceitar as emoções de outra pessoa, sem julgá-las ou tentar mudar o que sentem. Essa prática pode ser extremamente eficaz para pacientes com TPB, pois a validação ajuda a reduzir o comportamento impulsivo e as reações emocionais desproporcionais (Koerner, 2012).

A DBT ensina aos familiares como usar essas habilidades de forma prática. Além de aprenderem a validar emoções, os familiares também são ensinados a usar habilidades de tolerância à angústia, que ajudam a manter a calma em situações estressantes e a evitar a escalada do conflito. Essas habilidades são fundamentais para evitar que os familiares caiam no ciclo de reatividade emocional que pode piorar a situação.


O Treinamento de Habilidades para Familiares na DBT Paraná


A DBT Paraná oferece treinamentos de habilidades em DBT para familiares, capacitando-os a lidar com as dificuldades cotidianas de ter um ente querido com TPB. Durante o treinamento, os familiares aprendem a aplicar as habilidades da DBT em casa, criando um ambiente mais estável e saudável para o paciente.

Entre as habilidades aprendidas no treinamento estão:


  • Como validar emoções de forma eficaz, sem permitir que o comportamento do paciente afete negativamente a dinâmica familiar.

  • Estratégias de comunicação eficazes, que ajudam a evitar o aumento da tensão durante os momentos de crise.

  • Técnicas de regulação emocional, que permitem aos familiares lidar com suas próprias emoções intensas e manter a calma.

  • Estabelecimento de limites saudáveis, essencial para evitar que o paciente controle o ambiente emocional da família.


Este treinamento permite que os familiares se tornem parceiros ativos no processo de recuperação de seus entes queridos, criando um suporte contínuo e eficiente durante a terapia.


Conclusão

O tratamento do Transtorno de Personalidade Borderline não é uma tarefa fácil, mas o papel dos familiares é essencial para o sucesso terapêutico. A DBT oferece não apenas um conjunto de habilidades valiosas para os pacientes, mas também ferramentas cruciais para os familiares, ajudando-os a responder de forma mais eficaz às necessidades emocionais de seus entes queridos. A DBT Paraná se destaca como um centro de excelência em treinamento de habilidades para familiares, oferecendo suporte contínuo e capacitação para aqueles que desejam contribuir de maneira significativa no processo de recuperação de seus familiares com TPB.

Se você é um familiar de alguém com Transtorno de Personalidade Borderline e deseja aprender mais sobre como oferecer o melhor apoio possível, inscreva-se agora no treinamento de habilidades em DBT para familiares da DBT Paraná. Juntos, podemos criar um ambiente mais saudável e equilibrado para todos os membros da família. Referências

Fruzetti, A. F. (2006). Affective instability and interpersonal behavior in borderline personality disorder. Journal of Personality Disorders, 20(1), 50-70.

Koerner, K. (2012). Dialectical Behavior Therapy: A guide to creating meaningful change. Guilford Press.

Linehan, M. M. (1993). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. Guilford Press.

Linehan, M. M., et al. (2006). Dialectical behavior therapy for patients with borderline personality disorder and drug dependence. American Journal of Psychiatry, 163(6), 1165-1171.



 
 
 

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